terminarei esta página ,a última ,da
mesma maneira como comecei a primeira .sem certezas e com as mesmas dúvidas
.poder-se-á ,de facto ,definir a poesia –
experimental ,concreta e/ou visual – como poesia? Alguns ,os puristas da Língua
dirão que não .outros ,como eu ,mais virados para as (novas/antiquíssimas )
experimentações ,dirão que sim .e porque a dúvida subsiste e sempre subsistirá
,independentemente ,dos argumentos ,deixo-vos ,com algumas observações assaz
consistentes à minha tese ,reservando-me a mesmíssima posição do Alberto Pimenta
,com que ,aliás ,comecei este blogue –“(...) Eu, apesar de não saber também o que essa palavra significa, não faço a
pergunta. Não, porque saber o significado não me resolve nenhuma questão. O
significado é paragem no tempo, e a questão é justamente o movimento. Porque
poesia durante muito tempo parece que foi sonoridade, ritmo sonoro obtido com
palavras; só muito mais tarde se tornou sobretudo escrita e, depois disso
ainda, imagem criada a partir de palavras escritas: ritmo visual. Esta evolução
dá naturalmente que pensar. (...)”
Permite ao leitor visualizar ideias a partir
da disposição gráfica de palavras e/ou letras ,e ,caracteriza-se por valorizar a imagem
como entidade universal
Objectivo – Uma
tentativa de romper com a ditadura da forma discursiva do poema."
-Fábio Lucas – ( escritor e crítico literário )
“poesia
visual resulta
da intersecção entre a poesia e a experimentação visual. Sendo a tipografia um
meio visual por excelência é, no entanto, pela subordinação à fonética silábica
ou alfabética, que o seu uso se universaliza e impõe. Contudo, a dimensão
visual da tipografia nunca se desvaneceu por completo, apesar de subalternizada
ao texto (ou à ideia que o uso atribui ao texto). Convém ter em conta que a
escrita alfabética é relativamente recente, e que muito antes dela já se
estabelecia a comunicação por imagens. Percorrendo a história das imagens
produzidas pelo homem, encontraremos quase sempre paralelamente escrita e
imagem, sendo muitas vezes uma a outra. A poesia visual, podendo ser
considerada resultante, como foi dito, duma intersecção entre a poesia e a
experimentação visual, pode igualmente ser vista como o resultado duma
sobreposição entre a escrita e o desenho, uma vez que toda a escrita tem origem
no desenho (a escrita poderá ser entendida como um desenho de palavras). Porque
é possível pensar simplesmente em imagens, tal como se pode pensar simplesmente
em palavras. Portanto, se a escrita e o desenho são meios de comunicação mental,
será na mente onde a poesia e o traço primeiro se encontrarão. Mas se escrita,
desenho, pintura e tipografia já têm sido objecto de referencia e
categorização, falta fazer uma caracterização de poesia. O que será, então, a
poesia? Socorro-me da resposta de Alberto Pimenta: “(...) Eu, apesar de não
saber também o que essa palavra significa, não faço a pergunta. Não, porque
saber o significado não me resolve nenhuma questão. O significado é paragem no
tempo, e a questão é justamente o movimento. Porque poesia durante muito tempo
parece que foi sonoridade, ritmo sonoro obtido com palavras; só muito mais
tarde se tornou sobretudo escrita e, depois disso ainda, imagem criada a partir
de palavras escritas: ritmo visual. Esta evolução dá naturalmente que pensar.
(...)” 1 A escrita, ao libertar-se gradualmente da função inicial de puro
registo de coisas ou factos, descobre e desenvolve uma dimensão artística,
dispersando-se pelas mais diversas formas de representação. Ultrapassando,
portanto, o seu estádio utilitário, a escrita tornou-se uma forma de arte e,
como tal, acompanhou e contribuiu para a evolução das sociedades em que surgiu
e actua.”
- Jorge
Bacelar ,Universidade da Beira Interior ,2001
Poesia
Experimental:
“Sem dúvida que a conquista de outras
expressões, em vez de destruir a poesia, é afinal a sua maneira de caminhar no
tempo, e é o seu contínuo e inegável poder de metamorfose que lhe confere
validade e presença no mundo.”
-
António Aragão , in Poesia
Experimental 1, Edição Cadernos de Poesia, Lisboa:1964
“Como Ler Poesia Concreta: – Se é pela primeira vez que a vê, não tente lê-la
como poesia, melhor, nem sequer tente lê-la de todo: olhe simplesmente para
ela. Examine os espaços entre as letras, as variações tipográficas, os espaços
à volta das palavras. Considere-a como uma imagem. Depois veja que ideias
surgem dessa imagem associadas com as letras e as palavras que há nela.”
-Ana
Hatherly e A. Mello e Castro ,in Revista Link , 1964.